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As Águas Profundas de nosso Subconsciente


Acredito que muitos já ouviram falar que o elemento mais predominante do que somos feitos é a água. Assim como o Planeta que habitamos, nosso corpo é feito predominantemente de líquido desde a água, ao sangue e fluidos que circulam dentro de nós.


Alguns também já devem ter ouvido falar que o elemento água está associado as emoções.

Logo, podemos dizer que somos seres predominantemente emocionais. Pelo menos nesta experiência planetária.


No entanto, somos seres solares, de sangue quente, cujo fluido interno é tão quente e acolhedor quanto o líquido que nos acolheu em nossa gestação, e quanto aos raios do sol numa manhã de outono.


Traçando um paralelo entre o ser solar e o ser emocional que somos, podemos dizer que as águas rasas da superfície do mar, onde o calor do sol está presente, é o nosso consciente quente e acolhedor, pequena parte do que acreditamos ou percebemos ser. E, as águas geladas e profundas do oceano, longe do calor do sol, são as desconhecidas partes de nós segredadas em nosso subconsciente.


Em um de meus profundos processos de auto-cura, trabalhando a questão da 'alergia ao frio' por que passava a anos, fui intuindo algumas crenças por trás dessa percepção alérgica. Meu corpo foi confirmando crenças como 'temor ao frio', 'o perigo das temperaturas frias tanto no clima quanto na água', dentre outras. Aos poucos fui investigando e 'cavando' crenças por traz de crenças que minha sabedoria interior foi me ajudando a trazer a tona. Até que vislumbrei meu momento útero materno.


É importante lembrar que em outros processos de meditação e auto-cura, acessei um sentimento de rejeição no instante único de insegurança por que minha mãe passou ao descobrir que estava grávida de mim. Chegar através da percepção de ser um 'furo na tabela' e sendo a quinta filha, não me surpreende a percepção de que qualquer uma de nós levaria um susto com a notícia, rsss..... Porém, é tudo como percebemos.


É como percebemos o que chega até nós, tudo são escolhas de como 'olhar' a situação e como acolhemos o sentimento que vem disso. Naquele instante, minha base cerebral reptiliana de instinto a sobrevivência ligou o alerta e viu a situação como um perigo. Essa foi a minha escolha naquele momento, foi o que foi possível para mim sentir naquele momento. Poderia ter sido diferente? Outra pessoa poderia sentir diferente? Com certeza, mas, foi o que foi possível, dentro de minha jornada. Mesmo que minha mãe, no instante seguinte ao susto, tenha se aberto para um profundo amor por mim, o que certamente ocorreu, uma vez que sempre fui cercada por seu amor desde que me entendo por gente. Mas, voltemos aquele pequeno instante, em que escolhi me sentir rejeitada, desamparada, desprotegida e com medo de não ser acetia e acolhida, um profundo medo de não conseguir sobreviver.


Naquele instante, senti a frieza da morte, por acreditar que ela era uma possibilidade. Naquele instante, todo aquele líquido amniótico quentinho e acolhedor se transformou num profundo oceano gélido, e, meu corpo, para me proteger do 'perigo' que me fiz sentir, guardou em meu subconsciente a associação de 'frio' ao 'perigo da sobrevivência'.


É incrível o que se passa em nossas águas profundas. Num momento nosso subconsciente recebe o 'trauma', acolhendo-o momentaneamente para que consigamos sair do choque e seguir adiante em nossa jornada. No entanto, nosso corpo inteligente, ou sabedoria interior, sabe que isso deve ser momentâneo, e começa por tentar nos trazer a consciência, através da intuição, inúmeros sinais para 'vermos' e acolhermos essas 'feridas', percebendo que já passou, que foi o que foi possível, e liberá-las de nosso subconsciente para seguirmos adiante. Porém, em nossa grande maioria, não somos ensinados a observar esses sinais, não somos habituados a nos vermos interiormente, a nos acolhermos.


Somos habituados a olhar para fora e acabamos acreditando que só existe e só tem valor o que está fora, em nossa consciência. Que grande paradoxo esse, não? O percentual que temos consciência é tão pequeno como a ponta de um iceberg. E assim, vamos acreditando que somos esse 'pequeno' pedaço de nós mesmos. Deixamos então de lado a maior parte do que somos feitos, deixamos de lado nossas águas profundas, e passamos uma vida inteira fazendo de tudo para não 'vê-la', não acolhê-la, não percebê-la em toda sua grandiosidade, a própria grandiosidade do que verdadeiramente somos feitos. Mas, tudo bem, é o que é possível no momento.


Contudo, e agora que já tenho essa consciência, o que vou fazer com isso? Qual escolha irei fazer neste instante? Vou criar um novo hábito, buscar um novo olhar, passar a me ver com maior profundidade? Nossa, profundidade parece 'pesado', não? E se profundidade verdadeiramente for leve? E se, profundidade for a própria fluidez das águas? Tão fortes e capazes de transpor os obstáculos mais resistentes, quanto flexíveis capazes de transitar por todos os estados, do sólido ao gasoso.


Voltando ao útero de minha mãe, no vislumbre que tive em meu processo meditativo, cheguei então a consciência da profunda crença raiz que associava 'frio' ao 'perigo de não sobreviver'. Crença essa que deixei guardada anos em meu subconsciente, uma vez que não consegui observar os inúmeros sinais que minha sabedoria interior deve ter me enviado para liberá-la. Mas, tudo certo, tudo ao seu tempo. E falando em tempo, o tempo passou, e passou... Você deve estar se perguntando, e como foi minha convivência com minha mãe, ou com o frio das águas e clima? Ótimos! Sempre muito amada e acolhida pela minha mãe, e passando inúmeros momentos de alegria na infância ao nadar em águas geladas de cachoeiras e rios.


Realmente não me lembro desde quando comecei a ser intitulada 'friorenta'. Porém, apesar de ser considerada por muitos como 'friorenta', eu não me sentia tão sensível a água fria, nem existia essa alergia ao frio.


Até que um dia, lembrei que a anos atrás, em um ambiente de trabalho no mundo corporativo, fui transferida para um local de forte ar condicionado, cujo direcionamento do ar ficava em cima de minha cabeça. Aquilo me incomodava muito, mas fui levando, sem conseguir 'olhar' o incômodo como uma oportunidade de 'ver' o que pedia para ser curado. A questão é que, neste mesmo período, passei por uma situação de stress no trabalho em que achei que seria demitida, e, como minha vida afetiva pessoal estava uma loucura, e acreditava que se eu fosse demitida eu não conseguiria 'sobreviver'... eureka! Meu subconsciente associou "frio' ao "perigo de não sobreviver", e trouxe a tona um processo de faringite alérgica profundo, e, a partir daí comecei um processo de tosse alérgica terrível.


Apesar disso, não acessei essa consciência, certamente haviam ainda muitas 'cebolas' e crenças para chegar no profundo. De algum tempo para cá, comecei a observar melhor essa questão, e chegar a trazer a tona esses processos para a cura dessa crença raiz. Ou seja, ao acessar minhas águas mais profundas existentes em meu subconsciente, eu pude acolher e 'ver' com amorosidade e compaixão o que eu havia escondido por tanto tempo, e ressignificar essa experiência, percebendo que está tudo certo, de que foi o que foi possível, e agora seguindo adiante, diante de uma nova possibilidade. Qual? A de acolher as temperaturas frias como parte de mim e de meu aprendizado, aceitando que elas vem para me ajudar a curar o que a muito está guardado, clamando para ser reconhecido, e assim, seguir em frente com amor e leveza d'alma.


Namastê!

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